Setembro: mês de alerta para prevenção e conscientização dos cânceres ginecológicos


Setembro é o mês eleito por várias entidades médicas para alertar a sociedade sobre a prevenção e a conscientização dos cânceres ginecológicos. A médica oncologista Maria Luiza Ludermir – do Núcleo de Oncologia do Agreste (NOA) – explica as características das neoplasias ginecológicas e destaca as particularidades para a prevenção, diagnósticos e tratamentos dos cânceres do colo do útero; de endométrio; de ovário; além do de vagina e vulva. O câncer do colo do útero é a neoplasia ginecológica que mais acomete as mulheres no Brasil. Considerado um câncer evitável, não deveria sequer existir. No entanto, a médica enfatiza que a realidade é outra: além de ser o terceiro mais prevalente, ainda mata inúmeras mulheres, conforme dados do IBGE (2023).

Para evitar o câncer do colo uterino, a profissional relembra a associação entre o câncer e o HPV: “Mais de 95% dos casos estão relacionados ao HPV, que é um vírus sexualmente transmissível e que tem vacina para as principais cepas causadoras do câncer”. Vale destacar que, desde 2014, o SUS (Sistema Único de Saúde) disponibiliza vacina contra o HPV. A oncologista reforça a importância da vacinação. "Devem ser vacinados meninos e meninas dos 9 aos 14 anos; homens e mulheres transplantados; pacientes oncológicos em uso de quimioterapia e radioterapia; pessoas vivendo com HIV/Aids; além de vítimas de violência sexual". Outra maneira de evitar o câncer do colo uterino, segundo a médica, é com a triagem adequada e tratamento das lesões precursoras, com o preventivo de Papanicolau e teste para HPV. "É nosso dever como médicos e médicas deste país divulgar estas informações para caminhar na erradicação desta doença, que deveria sair das nossas estimativas de câncer".

A oncologista acrescenta que os de endométrio, ovário e vulva/vagina são tumores ginecológicos menos frequentes. Deve-se, porém, estar atento a alguns sinais e sintomas. Para o de endométrio, conhecido popularmente como câncer de útero (que é aquele que se inicia dentro do corpo uterino), é preciso atenção quando observados sangramento genital, corrimentos e dor em baixo ventre. Isso deve levar a mulher a procurar assistência médica. “Muitas vezes, os sintomas são inespecíficos, por isso é necessário ficar atenta ao corpo. Se perceber algo diferente, não se pode deixar para lá. O ginecologista ou médico clínico/ médico do Posto de Saúde deve ser consultado para avaliar com cuidado cada caso”, orienta a médica oncologista Maria Luiza Ludermir.

Considerado o mais grave entre os tumores ginecológicos, o câncer de ovário é descoberto, na maioria das vezes, em fase avançada. Alguns sinais, porém, devem chamar a atenção da mulher. Perda peso não intencional; dor em baixo ventre; sensação de empachamento; fraqueza; mudança do hábito intestinal e aumento do volume abdominal são alguns dos sintomas que podem estar presentes. Para o diagnóstico das neoplasias de ovário, o médico lança mão de exames de imagem. Não há ainda exames de rastreio para este tipo de câncer. Porém, a paciente deve ser avaliada quanto à possibilidade de ter uma síndrome hereditária, como lembra a médica também especialista em oncogenética. 

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