A Febre Amarela (FA) é uma doença infecciosa febril aguda, não contagiosa, causada por um arbovírus do gênero Flavivirus. A doença não tem registro de ocorrência de casos no Estado de Pernambuco, mas, é endêmica em vários Estados do Brasil. Em 11 de janeiro (informe epidemiológico nº 09) o Ministério da Saúde divulgou que, no período de julho de 2017 até 15 de janeiro de 2018, foram notificados 470 casos suspeitos de febre amarela com 35 casos confirmados e 145 em investigação. A taxa de letalidade, nesse período, foi de 57,1 %, com 20 óbitos confirmados (http://portalms.saude.gov.br/ saude-de-a-z/febre-amarela/sit uacao-epidemiologica-dados).
O primeiro caso humano confirmado nesse período teve data de início dos sintomas em meados de julho de 2017, com local provável de infecção em Guapimirim/RJ, onde epizootias em PNH por FA haviam sido detectadas no mês anterior de ocorrência do caso. Em SP, outros três casos humanos confirmados tiveram início dos sintomas entre setembro e novembro de 2017, em áreas onde a transmissão do vírus se manteve durante o inverno entre primatas não humanos, o que pode ter favorecido a retomada da transmissão nas proximidades. Neste informe foram confirmados mais 03 óbitos, sendo um no município de Brumadinho/MG, um em Brasília/DF e um em Nazaré Paulista/SP (tabela 1). Até a presente data todos os casos confirmados são do ciclo silvestre.
Tabela 1 • Distribuição dos casos humanos suspeitos de FA notificados à SVS/MS por UF de provável infecção e classificação, Brasil, monitoramento 2017/2018 SE 02, (jul/17 a se jan/18).
Existem dois ciclos de transmissão do vírus da FA: o urbano e o silvestre: No urbano (sem ocorrência no país desde 1942) o Aedes aegypti é o principal vetor e a transmissão ocorre entre homem-mosquito-homem. O silvestre é o único com relevância epidemiológica no Brasil. As espécies de mosquitos envolvidas na transmissão são: Haemagogus spp. e Sabethes spp. Algumas espécies de primatas não humanos (PNH), ou seja, macacos, participam como hospedeiros e favorecem a transmissão aos seres humanos.
Além da febre de início súbito, os sintomas incluem calafrios, dor de cabeça, dores nas costas, dores no corpo em geral, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. Em casos graves, a pessoa pode desenvolver febre alta, icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos), hemorragia e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos. Em média, 30% das pessoas que desenvolvem doença grave evoluem para óbito.
Não há transmissão de pessoa a pessoa. É transmitida somente pela picada de mosquitos infectados com o vírus da febre amarela. O período em que o vírus irá se manifestar no homem varia de 3 a 6 dias, após a picada do mosquito infectado, podendo se estender até 15 dias.
A vigilância epidemiológica dos casos de febre amarela tem por objetivos manter erradicada a febre amarela urbana e controlar a silvestre. Todos os casos suspeitos da doença devem ser notificados IMEDIATAMENTE às autoridades sanitárias, portanto qualquer caso suspeito deve ser prontamente comunicado por telefone (3701.1407) à Vigilância em Saúde, por se tratar de doença grave com risco de dispersão para outras áreas do território nacional e mesmo internacional. A notificação deve ser registrada por meio do preenchimento da Ficha de Investigação de Febre Amarela, do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
Definição de caso humano suspeito:
Indivíduo com quadro febril agudo (até sete dias), de início súbito, acompanhado de icterícia e/ou manifestações hemorrágicas, residente em (ou procedente de) área de risco para febre amarela ou de locais com ocorrência de epizootia confirmada em primatas não humanos (PNH) ou isolamento de vírus em mosquitos vetores, nos últimos 15 dias, não vacinado contra febre amarela ou com estado vacinal ignorado.
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EPIZOOTIAS (VIGILâNCIA EM PRIMATAS NÃO HUMANOS)
A vigilância de epizootias (adoecimento ou morte) em Primatas não humanos (PNH – macacos, sagüis, etc) é uma das estratégias da detecção precoce do vírus da FA no ambiente, pois os Primatas doentes funcionam como sentinelas para a vigilância desta doença em humanos. Essas epizootias servem como alerta para a provável circulação do vírus amarílico em áreas de risco, permitindo, assim, desencadear as medidas adequadas de prevenção à população humana.
IMUNIZAÇÃO
A vacinação contra febre amarela (VFA – atenuada) é a medida mais importante e eficaz para prevenção e controle da doença. A vacina usada no Brasil é produzida pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e consiste de vírus vivos atenuados da subcepa 17DD, cultivados em embrião de galinha.
É um imunobiológico seguro e altamente eficaz na proteção contra a doença, com imunogenicidade de 90% a 98% de proteção. Os anticorpos protetores aparecem entre o sétimo e o décimo dia após a aplicação da vacina, razão pela qual a imunização deve ocorrer dez dias antes de se ingressar em área de risco da doença. O esquema vacinal é uma dose única a partir dos 9 meses de idade com administração e de 0,5ml subcutânea.
É indicada aos residentes ou viajantes para as áreas com recomendação de vacinação (todos os estados das regiões Norte e Centro-Oeste; Minas Gerais e Maranhão; alguns municípios dos estados do Piauí, Bahia, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Os viajantes para essas áreas devem ser vacinados pelo menos 10 dias antes da viagem. Além das pessoas que se deslocam para países endêmicos, conforme recomendações do Regulamento Sanitário Internacional (RSI).
Em crianças menores de 2 anos de idade, não vacinadas contra a febre amarela, NÃO administrar as vacinas TRÍPLICE VIRAL ou TETRA VIRAL simultaneamente com a VACINA DE FEBRE AMARELA. Considerando a situação epidemiológica atual da febre amarela, priorizar a vacinação contra essa doença, neste momento. O intervalo entre as vacinas é de 30 dias. Em situações de surto e na impossibilidade de manter o intervalo de 30 dias, este prazo pode ser reduzido para 15 dias.
Paciente com 60 anos ou mais, gestantes, e mulheres em fase de lactação devem se ter precauções, sendo necessário ser avaliado por um profissional médico tendo prescrição médica. Os documentos necessários no ato da vacinação segundo orientação Estadual são: Tickets de viagem (aérea, ônibus, trem e outros), comprovante de residência do destino e de Caruaru-PE, comprovante de reserva de hotel (voucher), nota fiscal para entrega ou recebimento de mercadorias, comprovante de residência, como maneira de garantir o abastecimento da vacina no estado.
Contraindicações: Crianças menores de 6 meses de idade; Pessoas com história de eventos adversos graves em doses anteriores; Pessoas com história de anafilaxia comprovada em doses anteriores ou relacionada a substâncias presentes na vacina (ovo de galinha e seus derivados, gelatina bovina ou a outras); Pacientes com imunossupressão grave de qualquer natureza: – Imunodeficiência devido a câncer ou imunodepressão terapêutica.
Assim como Pacientes infectados pelo HIV com imunossupressão grave, com a contagem de células CD4 < 200 células/mm3 ou menor de 15% do total de linfócitos para crianças menores de 13 anos; Pacientes em tratamento com drogas imunossupressoras (corticosteroides, quimioterapia, radioterapia, imunomoduladores); Pacientes submetidos a transplante de órgãos; Pacientes com história pregressa de doenças do timo (miastenia gravis, timoma, casos de ausência de timo ou remoção cirúrgica); Pacientes portadores de lúpus eritematoso sistêmico tendo em vista a possibilidade de imunossupressão; Gestantes. A administração deve ser analisada caso a caso na vigência de surtos. (Febre amarela : guia para profissionais de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2017.)
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